terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

OMS apoia testes com mosquitos geneticamente modificados

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta terça-feira que países afetados pela epidemia de zika devem considerar o uso de novas formas de controle do Aedes aegypti, principal transmissor do vírus. A entidade disse apoiar testes com mosquitos geneticamente modificados e o uso de uma bactéria que infecta insetos como importantes armas de combate à epidemia. A OMS também destacou o potencial da liberação no ambiente de mosquitos machos estéreis por irradiação, desenvolvida pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

"Diante da magnitude da crise de zika, a OMS encoraja os países afetados e seus parceiros a aumentar o uso tanto de antigas como de novas formas de controle de mosquito como a mais imediata linha de defesa", disse a organização em comunicado.



A técnica, usada originalmente para controle de pragas na agricultura, forma em laboratório um mosquito macho transgênico com menos tempo de vida e infértil, o que permite a redução da população de Aedes aegypti. A outra alternativa para controle da infestação do mosquito funciona com a aplicação da bactéria Wolbachia, presente na maioria dos insetos, mas que não é encontrada no Aedes aegypti. A linhagem formada tem menos tempo de vida, chances menores de se infectar com dengue, chicungunha e zika e alta capacidade de passar adiante estas características à prole.


MODIFICAÇÃO POLÊMICA

No Brasil, as duas técnicas já são testadas. Um projeto em Piracicaba, da multinacional Oxitec em parceria com a prefeitura local, utiliza a modificação genética e já reduziu em 82% a incidência do mosquito em um bairro da cidade. Desde 2014, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde, desenvolve um projeto, no Rio, que propõe o uso da bactéria Wolbachia com o objetivo de eliminar a transmissão de dengue. Austrália, Indonésia, Colômbia e Vietnã também têm realizado estudos com a bactéria.



A estratégia de modificação genética já foi criticada por grupos de pesquisadores. O argumento dos que não defendem seu uso é que os possíveis impactos dos mosquitos transgênicos não podem ser identificados.

Denise Valle, do IOC/Fiocruz, diz que a técnica é cara e que seu efeito é temporário. Além disso, para a pesquisadora, seria difícil atingir todas as fêmeas do mosquito, o que garantiria a eficácia da medida de controle do vetor. O uso da bactéria, por outro lado, parece ser mais promissor.

— Os mosquitos que têm a bactéria vivem menos e têm menor chance de se infectar com o vírus. Há também garantia de que haverá a substituição da população. A fêmea com a bactéria vai transmitir essas características pra todos os seus filhos, independente do macho. A própria fêmea vai garantir a disseminação. A técnica funcionou na Austrália, mas o Brasil vive outro contexto — esclarece Denise.


FONTE: O Globo

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