segunda-feira, 8 de abril de 2019

Cabral entrega Dilma, Aécio, Crivella, Garotinho, Paes e Moreira Franco

O Ex-Governador do RJ Sérgio Cabral (MDB) entregou em delação premiada esquema de corrupção citando Dilma, Aécio, Crivella, Garotinho, Eduardo Paes, Moreira Franco e “feito tratos” com ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal de Contas da União (TCU).



 “Eu fui achacado por parlamentares federais, tive que fazer tratos com ministros do TCU e do STJ, que eu me coloco à disposição da procuradoria e do Ministério Público. Tive que fazer, organizar, deputados e senadores, enfim, tive que atender a presidente da República para beneficiar pessoas, tive que fazer uma série de coisas”, declarou Sérgio Cabral.

 “Quando o senhor [Bretas] diz nas decisões que a corrupção prejudicou o Rio de Janeiro, não tenho a menor dúvida, é uma pena que não se tenha Lava Jatos e pessoas como o senhor e o doutor Leonardo [Cardoso, procurador do MPF] em todos os estados do Brasil, porque o que aconteceu no Rio de Janeiro aconteceu com certeza em todos os estados da federação”, declarou.




 No depoimento, Cabral confirmou que indicou para o STJ o ministro Marco Aurélio Bellizze, nomeado em 2011 por Dilma Rousseff. Disse ter atuado por pressão e ameaça de Régis Fichtner, seu ex-chefe da Casa Civil, e abriu mão de indicar Rodrigo Cândido de Oliveira, ex-sócio da mulher, Adriana Anselmo.

“Liguei para a presidente Dilma, e ela até disse que estava com o papel na mesa dela para assinar. Tive que fazer esse papelão de barrar o sócio da minha esposa para atender o Régis”, afirmou.


 Tenho uma relação afetiva muito grande com Aécio Neves (...) Eu chamei o Lavouras e mandei procurar o Osvaldo que é o homem que cuidava do dinheiro dele. O Aécio não participou da reunião, essa reunião foi entre mim e o Lavouras. Depois, ele [Aécio] me ligou pra agradecer. Eu mandei dar R$ 1,5 milhão pra ele desse dinheiro. Eu mandei dar também R$ 1,5 milhão da OAS pra ele.



 "No ano de 1999, surge o Anthony Garotinho como novo governador. Sem o nível do [Leonel] Brizolla de encampação das empresas, ele queria a redução das tarifas. A esta altura, já haviam três grandes empresário do setor no estado: Jacob Barata Filho, na capital, Luiz Carlos Lavouras, na região metropolitana, e Amaury Andrade, no interior. O Garotinho queria colocar o Andrade como seu interlocutor, já que ele dava propina ao Garotinho em Campos dos Goytacazes. Deste modo, a 'caixinha da Fetranspor' no setor executivo seguiu acontecendo no governo no Garotinho".

 "Em 2008, ano eleitoral, tudo foi convertido para campanhas. A campanha de Eduardo Paes (hoje no DEM, na época no MDB) à prefeitura recebeu R$ 6 milhões. Pedi este valor ao Barata e Lavouras, era um pedido pessoal, dentro deste contexto do nosso acordo".



 Àquela altura, havia uma discussão sobre a renovação da licitação das linhas de ônibus. Por conta disto, a campanha do Pezão recebeu R$ 30 milhões".

 "Assim que acabou o primeiro turno [em 2008], o terceiro colocado na corrida me procurou. Era o Marcelo Crivella (PRB). Eu e ele sempre tivemos uma relação respeitosa e fraternal. (...) Disse que estava sendo pressionado a apoiar o Fernando Gabeira (que disputava com Paes o segundo turno), mas não queria apoiá-lo por questões religiosas. O Armínio Fraga teria oferecido a ele 1 milhão de dólares. Pedi um tempo, liguei para o Eike Batista e fui à casa dele. Expliquei a ele que precisava de US$ 1,5 milhão, ele aceitou pagar. Paes soube desta situação toda e foi no dia seguinte à casa do Eike. Crivella chegou à casa dele e ficou combinado que o Crivella gravaria um vídeo apoiando o Paeapenas no programa eleitoral que seria exibido na TV Record".



"Entre 1987 e 1990, por intermédio do então governador Wellington Moreira Franco (MDB), criam-se as soluções jurídicas necessárias para que as empresas deixassem de ser encampadas e a surge a primeira propina na Alerj. O então deputado estadual Gilberto Rodrigues era quem administrava a propina na Alerj. No executivo, Moreira Franco e Carlos Navega [procurador de Justiça morto em 2017] trabalhavam o trâmite de distribuição de propina na Alerj."



 Na Operação Ponto Final, na qual foi ouvido hoje, Cabral é acusado pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de receber R$ 144,7 milhões do esquema da Fetranspor entre julho de 2010 e outubro de 2016, um mês antes de ser preso.


FONTE: Uol Notícias, Veja e Antagonista

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