"A experiência desses 70 anos demonstram que reforma e a adaptação aos novos tempos são sempre necessários, progredindo até o objetivo final de conceder a todos os países, sem exceção, uma participação e uma incidência igual nas decisões".
Para o papa, essa mudança deve ocorrer em todos os níveis. "Vale para os órgãos de capacidade executiva, como o Conselho de Segurança, organismos financeiros e grupos ou mecanismos criados, especificamente, para enfrentar as crises econômicas", disse. Dando destaque especial aos órgãos financeiros, Jorge Mario Bergoglio disse que a medida ajudará a "por fim" em qualquer tipo de abuso "especialmente contra os países em desenvolvimento".
"Os organismos devem vigiar a ordem do desenvolvimento sustentável dos países para evitar uma asfixiante submissão de tais nações aos sistemas de crédito que, bem longe de promover o progresso, submetem as populações a mecanismos de maiores pobrezas, exclusão e dependência", disse.
Ao mesmo tempo que pedia por mudanças, o sucessor de Bento XVI elogiou a história da entidade, que mesmo nem sempre atingindo seus objetivos, consegue ajudar na "construção" da fraternidade humana. "Todas estas realizações são luzes que contrastam com a obscuridade da desordem, causada por ambições descontroladas e egoísmo coletivo. Apesar de ter muitos problemas para resolver, todavia, é seguro dizer que se faltasse a ONU, a humanidade poderia não ter sobrevivido", elogiou.
O primeiro papa latino-americano da história disse ainda que a tendência à proliferação de armas de destruição em massa como as nucleares "nega" as afirmações contidas no preâmbulo e no primeiro artigo da Carta das Nações Unidas.
O recente acordo sobre a questão nuclear em uma região sensível no Oriente Médio é uma prova de que paciência, constância resolvem", disse o líder católico ressaltando que torce para o acordo ser "duradouro e eficaz e que com a colaboração de todos, produza os frutos esperados".
De acordo com o papa, o poder tecnológico, em mãos de ideologias "nacionalistas ou falsamente universalistas", pode produzir "tremendas atrocidades".
"A guerra é uma negação de todos os direitos e é uma agressão dramática ao meio ambiente. É preciso continuar incansavelmente o esforço de evitar a guerra entre as nações e entre os povos. Para isso, é preciso assegurar o empenho incontestado dos direitos humanos como é proposto pela Carta das Nações Unidas", destacou.
Citando as diversas religiões, o líder da Igreja Católica destacou que as religiões monoteístas acreditam em um "Deus Criador" e que devem utilizar a natureza sem "abusar dela ou destruí-la". Em outras crenças politeístas, todos consideram que "o ambiente é um bem fundamental". Para Bergoglio, a exclusão econômica e social - que provoca danos à natureza - "é uma negação da fraternidade humana e um crime gravíssimo à humanidade e ao ambiente".
O líder católico ainda elogiou a aplicação da "Agenda 2030" da ONU e disse que ela é um dos bons instrumentos para a sociedade no futuro e para as próximas gerações. Ele ainda destacou que espera que a Conferência do Clima, que será realizada em Paris no mês de outubro, tenha resultados "concretos e efetivos". "O mundo pede a todos os governantes uma vontade efetiva, prática e constante com medidas imediatas para preservar e melhorar o ambiente natural. Também quer superar o mais rapidamente a situação de exclusão social, como o tráfico de seres humanos, exploração sexual, trabalho escravo, tráfico de armas e drogas e terrorismo", ressaltou.
FONTE: Noticias Terra
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