O cigarro pode causar cerca de 50 doenças diferentes, especialmente problemas ligados ao coração e à circulação, cânceres de vários tipos e doenças respiratórias. "A fumaça do cigarro é absorvida por combustão, o que aumenta ainda mais os males da sua composição", diz Valéria Cunha de Oliveira, técnica da divisão de tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. Parece papo de ex-fumante, mas é a pura verdade: em cada tragada são inaladas 4 700 substâncias tóxicas. Entre elas, três são consideradas as piores.
A primeira é a nicotina, que provoca dependência e chega ao cérebro mais rápido que a temida cocaína, estando associada aos problemas cardíacos e vasculares (de circulação sanguínea). A segunda é o monóxido de carbono (CO), aquele mesmo que sai do cano de escapamento dos carros. Ele combina com a hemoglobina do sangue (responsável pelo transporte de oxigênio) e acaba reduzindo a oxigenação sanguínea no corpo. É por causa da ação do CO que alguns fumantes ficam com dores de cabeça após passar várias horas longe do cigarro. Nesse período de abstinência, o nível de oxigênio circulando pelo corpo volta ao normal e o organismo da pessoa, que não está mais acostumado a esse "excesso", reclama por meio das dores de cabeça. A terceira substância tida como grande vilã é o alcatrão, que reúne vários produtos cancerígenos, como polônio, chumbo e arsênio.
Todo câncer relacionado ao fumo - como na boca, laringe ou estômago - tem alguma ligação com o alcatrão. A união desse poderoso trio de substâncias na composição do cigarro só poderia tornar o produto extremamente nocivo à saúde. Para se ter uma idéia, 90% dos casos de câncer de pulmão - a principal causa de morte por câncer entre os homens brasileiros - estão ligados ao fumo.
Indústria do tabaco ainda cresce no Brasil
As conquistas recentes das campanhas contra o consumo de cigarros e assemelhados não reduziram a força da cadeia da produção, processamento e comercialização do tabaco no Brasil. Graças às exportações, o segmento econômico segue vigoroso e, após alguns recuos entre 2005 e 2007, voltou a apresentar números crescentes.
Dados da Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil) indicam que 223 mil famílias brasileiras cultivaram a planta em 408 mil hectares e produziram 792 mil toneladas na safra 2008/2009. Vinte anos atrás, esse número era muito menor. Na região Sul, responsável por 95% da produção brasileira, 127 mil famílias plantaram 202 mil hectares e colheram 368 mil toneladas.
A cadeia movimenta R$ 15,2 bilhões por ano. Destinou R$ 7,7 bilhões ao governo, em impostos, R$ 3,2 bilhões à indústria, R$ 3,3 bilhões ao produtor e R$ 927 milhões ao varejista.
O Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador mundial de fumo. Em 2008, vendeu 686 mil toneladas para cerca de 100 países ao preço de US$ 2,7 bilhões, segundo o SindiTabaco - Sindicato da Indústria do Fumo.
Produção
Apesar da queda no consumo, a produção de tabaco quase dobrou no mesmo período. O pico, no entanto, não ocorre na colheita atual, mas foi registrado na safra 2004/2005, quando 198 mil famílias plantaram em 439 mil hectares e produziram 843 mil toneladas, não chegando ao recorde de 851 mil toneladas do ano anterior por causa da estiagem. Desde então, houve um recuo para 180 mil famílias, 349 mil hectares e 714 mil toneladas na safra 2007/2008, e retomada da expansão até os números da safra atual.
O pico tem explicações na conjuntura internacional. No início da década, os agricultores brasileiros ampliaram o cultivo do tabaco para suprir a demanda das empresas processadoras, que haviam perdido fornecedores expulsos de suas terras pelo governo do Zimbábue, país que estava entre os principais produtores do mundo.
As exportações brasileiras saltaram de 334 mil toneladas em 1999 para 610 mil toneladas em 2005 e 700 mil toneladas em 2007, segundo o SindiTabaco.
FONTE: Mundo Estranho Abril e Portal R7
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