Tido como uma grande revelação, o texto em copta antigo, possui frases como: “E Jesus disse: ‘minha mulher’ e ‘ela poderá ser minha discípula’”. Ela afirmou que comprou de um colecionador privado. Buscou apoio de especialistas, tradutores, arqueólogos e historiadores. Logo ganhou o apelido de “Evangelho da esposa de Jesus”. Na ocasião, Karen foi criticada pelo Vaticano, que desmentiu a autenticidade do papiro no jornal Osservatore Romano. Ainda assim, grande parte da mídia continuou tratando a questão como verídica.
Após muitas polêmicas, a professora King admitiu nesta sexta-feira (17) que trata-se de uma falsificação. Curiosamente, ela só admitiu isso após a publicação de uma investigação profunda do assunto, realizada pela revista The Atlantic. O jornalista Ariel Sabar, que assina o artigo, conseguiu identificar que o misterioso “colecionador” que entregou à historiadora o manuscrito chama-se Walter Fritz. Este norte-americano possui um passado nebuloso, tendo estudo egiptologia, atuado no ramo de peças de automóveis e produzido pornografia.
Caiu por terra toda a argumentação dos defensores dessa “descoberta” nos últimos quatro anos. Embora na carta que escreveu à The Atlantic, ele assuma ter sido o proprietário do manuscrito garante: “Nem eu, nem qualquer outra pessoa, forjou, alterou ou manipulou o fragmento e/ou sua inscrição”. Reitera que ele o comprou de Hans-Ulrich Laukamp, em 1999. Os dois tinham ligações comerciais. A relíquia falsificada fora adquirida originalmente por Laukamp em 1963, em Postdam, na antiga Alemanha Oriental.
Fritz explica que não sabia o valor daquela peça até conhecer um negociante de artes, que lhe ofereceu cerca de US$ 50 mil. Curioso em saber o que fazia aquele pedacinho antigo de papiro ser tão valioso, procurou a professora King. Laukamp morreu em 2002 e ao que tudo indica sabia muito pouco sobre a origem do artefato. Embora Fritz afirme que sempre preferiu o anonimato, a revista The Atlantic conseguiu provar que ele registrara em seu nome o site www.gospelofjesuswife.com pretendendo lucrar com isso. Atualmente, a página está fora do ar.
Os indícios de falsificação apontados por acadêmicos quando o material veio à tona, em 2012, apontavam para fortes indícios que era uma cópia malfeita de parte do texto do apócrifo “Evangelho de Tomé”. Estudiosos como Mike Grondin e Francis Watson escreveram longamente sobre o assunto. A professora King apoiava-se em exames de datação por carbono 14, que apontavam que o tecido fora produzido entre os anos 290 e 400 a.C. Também dizia que a análise de pessoas de sua confiança atestavam a sua veracidade.
Vários textos acadêmicos foram escritos, na maioria críticos à descoberta. Mesmo assim, o prestigiado museu Smithstonian produziu um documentário sobre a “valiosa” descoberta. Talvez o maior valor desta situação – que se mostra no mínimo constrangedora agora – seja o fato que mais uma vez existe uma pré-disposição da mídia em dar amplo espaço para qualquer coisa que, mesmo remotamente, sirva para questionar a existência de Jesus ou os relatos bíblicos sobre ele.
FONTE: Gospel Prime
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